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6 de Março de 2017 às 14:50

Agricultural Outlook Forum apontou as tendências para o agro mundial


Mesmo com a subida dos preços do petróleo no mercado internacional – perspectiva de média de US$ 58,00/barril, em 2017, contra US$ 44,04/barril, em 2016 – a tendência é que o consumo das fibras sintéticas continue competitivo nesta e na próxima temporada. A explicação para isso é a valorização da fibra natural no mercado internacional, hoje cotada em torno de US$ 0,76 por libra-peso. No horizonte, redução dos estoques chineses de algodão durante a temporada 2016/2017 e chance  de 38% de ocorrência do fenômeno climático el niño sobre as lavouras americanas nos meses de setembro, outubro e novembro, com perspectivas de estiagem não apenas lá, como em algumas regiões do Brasil, no mesmo período, logo após a colheita do algodão no território nacional. 

Os dados foram destaques do Agricultural Outlook Forum, evento promovido pelo departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), realizado nos dias 23 e 24 de fevereiro, em Washington/DC. A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) acompanhou de perto a programação, de onde saem as informações mais esperadas pelo agronegócio em todo o mundo. 

O gestor de sustentabilidade da Abrapa, Fernando Rati, que acompanhou o evento com o consultor da Abrapa nos Estados Unidos, Mark Langevin, explica que, durante o painel voltado para o algodão, o economista do USDA, Lyman Stone, destacou uma sinalização de que os estoques chineses devem reduzir de 58,2 para 48,8 milhões de fardos, durante a safra 2016/2017, diferentemente dos outros países consumidores, ao longo de 2017. 

“Dependendo da política de manejo dos estoques da fibra, eles permanecem estáveis, não sofrendo grandes alterações. Aliado a uma perspectiva de aumento, ainda que leve, no consumo mundial, essa provável redução nos estoques chineses é bem-vinda para o cotonicultor brasileiro, pois há a possibilidade de reposição e, consequentemente, de maiores índices de importação de algodão proveniente de outros países, dentre eles o Brasil”, relata Rati.

De acordo com as informações divulgadas no Agricultural Outlook Forum, na próxima safra norte-americana, a área plantada aumentará 14,2%, passando de 10,1 para 11,5 milhões de acres. A área plantada mundial está estimada em 29,3 milhões de hectares, 4% menor quando comparada aos números de 2015/16, mas os níveis de produtividade esperados são de 784 Kg/ha, 14% maiores. O grande desafio para a cotonicultura, segundo os painelistas, será gerenciar os riscos envolvidos na produção da fibra frente a um cenário de alto endividamento dos produtores e baixos índices de lucro comparados a outros setores da economia.

Mercado baixista

Segundo estudo do USDA, desde 2013, a rentabilidade no agronegócio norte-americano caiu 30%. Ainda de acordo com previsões econômicas da instituição, os preços da fibra estarão, em média, em 65 centavos de dólar por libra-peso em 2017, sinalizando possível queda no preço internacional para os próximos meses.

Para soja e milho, destacou-se que os EUA irão destinar grande parte da produção desta safra para etanol, o que significará um recorde na fabricação do combustível. “Essa é uma estratégia norte americana para combater os altos preços do petróleo”, explica Rati. A perspectiva para os preços médios da soja, durante o ano de 2017, é de que passem de US$ 9,5 para US$9,6 por bushell, principalmente pelo aquecimento das exportações da oleaginosa, puxado pela China.

O fórum abordou também as mudanças que acontecem na política agrícola americana e os impactos do novo governo nas relações comerciais e diplomáticas do país com os demais players, após a eleição do presidente americano Donald Trump. 



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